Marcos Gonzalez*
Como de costume, o último trimestre do ano é sempre o mais aquecido do setor automotivo por conta das compras que antecedem festas e férias. Outubro seguiu com a tradição do primeiro mês do último trimestre do ano e fechou com 162,3 mil unidades licenciadas contra 155,1 mil do mês anterior, registrando alta de 4,7%.
O resultado positivo trouxe mais ânimo à indústria que também comemora produção de 177,9 mil automóveis, número 2,6% superior a setembro, embora, ainda assim, 24,8% inferior aos resultados de outubro do ano passado.
Ainda sob as sequelas econômicas da pandemia, o setor pena com a falta de insumos como semicondutores e pneus. A demanda pressiona, mas as montadoras não têm como entregar tudo o que o mercado pede.
De acordo com a Anfavea, entidade que representa as montadoras de automóveis no Brasil, esse é o pior outubro dos últimos cinco anos em termos de volume de produção. Porém, mesmo assim, há um certo alívio no ar, uma vez que a manufatura nas fábricas, mês a mês, ainda que de forma tímida, vem se expandindo.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, comentou que “os esforços das áreas de compras, logística e manufatura das montadoras merecem todos os elogios, mas infelizmente a demanda reprimida, somada ao tradicional aquecimento de fim de ano, poderá não ser atendida pela oferta”.
De acordo com os dados da Anfavea tudo o que é produzido é rapidamente repassado aos clientes internos e externos também. As exportações de veículos nacionais, especialmente para países da América do Sul, vêm crescendo e, no acumulado deste ano, já somam 306,8 mil unidades contra 241,9 mil exportadas no ano passado, registrando crescimento de 26,8%.
Importante destacar como a eletromobilidade vem se expandindo no Brasil de maneira galopante. Se em 2010 apenas 29 veículos elétricos e híbridos foram emplacados no País, no ano passado esse montante saltou para 19.745 unidades e, de janeiro a outubro deste ano, 26.940 veículos foram comercializados no País sendo 1.805 unidades 100% elétricas.
Cada vez mais montadoras trazem seus elétricos para o País e agora veículos ditos mais populares também são oferecidos nesta versão.
É evidente que estamos diante de uma tendência irreversível. Por isso, montadoras, sistemistas e fabricantes de autopeças devem prestar muita atenção ao novo comportamento dos consumidores que buscam veículos mais amigáveis ao meio ambiente.
O fato é que veículos eletrificados fazem uso de tecnologias mais avançadas muitas das quais não são, ainda, nem desenvolvidas nem produzidas no Brasil. Portanto, produzi-los aqui vai exigir alta demanda por itens importados e, notoriamente, será preciso, agora mais do que nunca, saber tirar o melhor proveito possível dos regimes especiais disponíveis e que concedem benefícios de isenções de impostos nas importações.
*Marcos Gonzalez é o diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex. Formado em Engenharia, com pós-graduação em Administração e MBA em Gestão Fiscal e Tributária, o executivo acumula mais de 35 anos de experiência profissional em empresas do setor automotivo. Gonzalez tem sólida carreira desenvolvida em empresas multinacionais com forte experiência na prospecção e desenvolvimento de novos negócios e habilidade multicultural adquirida no desenvolvimento de atividades comerciais junto a clientes no exterior.
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