Wednesday, December 30, 2009

Despreparo natalino


Edmur Hashitani*

Se você está aqui porque me conhece, já sabe que eu sou ateu e que não levo o Natal a sério. Costumo usar a história de que o papa Libério criou a data e que Jesus de Nazaré sequer nasceu em dezembro quando alguém insiste muito. Se você não me conhece, agora já leu e já sabe. Mas, não estou aqui para discutir as minhas posições religiosas.

Além do mais, apesar de minha descrença, não sou burro. Sei que o Natal é uma data especial para as crianças. É a festa mais esperada pela maioria, o ano todo, ganhando de aniversário, Páscoa, dia das crianças, etc.
Pois bem. Estou eu aqui, conversando com uma amiga, que me fala que o portal Uol está anunciando “chat com o Papai Noel”. Achei que seria uma boa oportunidade para dar risada, ler umas besteiras, e entrei no raio do chat e comecei a ler as perguntas e respostas. Posso dizer que dar risada não era a reação apropriada.

Quando você coloca na internet, às 16h da véspera de Natal, um anúncio de chat com Papai Noel, com desenhinho do velhinho e tal, o que se espera? Que os pais coloquem as crianças pra conversar com ele. E o que os pais esperam? Alguém pra conversar com as crianças, alimentar o tal “espírito natalino” e aquelas coisas. Nada de puritanismo, mas, são crianças, que acreditam na história. Ainda que a maioria fosse de desocupados, como eu, pra isso há os moderadores.

Mas não foi com isso que eu me deparei. As perguntas mais simples eram respondidas de forma descabida. Vou colocar alguns exemplos abaixo, com português corrigido (até do tal Noel) onde P é pergunta e R, Resposta:

P: Papai Noel, você demora mais ou menos quanto tempo em cada país para entregar os presentes?
R: Uma coisa que eu posso garantir é que a quantidade de pessoas boas tem diminuído nos últimos anos... é menos trabalho pra mim e mais trabalho pro Mundo!

Era exatamente isso que uma criança queria ouvir. Que o mundo está uma porcaria e que nem o Papai Noel está muito a fim de colaborar.

P: Papai Noel, quantos duendes trabalham na sua oficina?
R: O negócio é a terceiração (imagino que o idiota quisesse dizer terceirização). Eu só tenho um duende agora que gerencia todos. O nome dele é Law King Chong.

Ah, claro, o pobre coitado que fez a pergunta sabe quem é o dono do comércio na região da R. 25 de Março.

P: Quantos anos você tem?
R: 1433 anos! Mas com um corpinho de 90. Tipo aqueles vampiros do Crepúsculo. Hmmm... será que isso quer dizer que eu sou um vampiro? Só posso dizer que minha roupa não era vermelha no começo... Ho-ho-ho!

Lindo. A pergunta foi feita por alguém cujo apelido tinha o nome de duas meninas. Dependendo da idade, não fazem ideia de o que é Crepúsculo. E agora vão achar que o pai delas, ou quem quer que seja, fantasiado de Noel é, na verdade, um vampiro. Muito instrutivo.

P: Por que você não cria o bolsa-presente?
R: acho que você está me confundindo com outro homem de barba... a Dilma.

Quem fez a pergunta pode ter incentivado a piada. Mas as crianças da sala vão entender? Por que a moderadora não vetou esta pergunta?

P: Papai Noel, nunca pensou em ter sua própria família?
R: Acho que não tenho saco para tanto.

Chega, né? Até tem mais, mas essa foi a gota d’água. Que o imbecil que foi colocado pra responder fingindo que é o Papai Noel não acredite na instituição da família, tudo bem, problema dele. Eu também não lá tanta vontade de casar e ter filhos. Agora, eu não saio por aí falando pras crianças que manter uma família é uma droga e que é preciso ter saco.

O que muito me espanta e desaponta é um site com o Uol, um dos principais e mais visitados portais deste país, fazer uma papagaiada destas. Colocar alguém sem o menor preparo para lidar com crianças. Se o intuito era fazer graça, que botassem um aviso antes de entrar, não colocar um desenho bonitinho e infantil, que atrai justamente as crianças.

E que não me venham os comentários de “você é mal humorado”, “não entende a piada” e coisas do tipo. O anúncio era evidentemente para CRIANÇAS. E quando se faz alguma coisa para elas, esperamos que fosse feito para que elas brinquem com aquilo. Não que elas sejam o objeto da brincadeira.

Espero que repensem para as próximas oportunidades. Que não façam. Ou que façam com responsabilidade. Já tem muito idiota por aí usando a internet como forma de agressão infantil. Não era preciso sujeitá-las a mais um babaca, mas desta vez fingindo se vestir de vermelho e usar barba, patrocinado por alguém com poder de mídia.

Se quiser ler o absurdo por completo, já disponibilizaram em http://tc.batepapo.uol.com.br/convidados/arquivo/quadhumor/ult1757u136.jhtm

* Edmur Hashitani é jornalista e editor do blog Onbudsman do Mundo (http://www.ombudsmandomundo.blogger.com.br/), onde foi publicado originalmente o texto acima.

Fumo passivo de cigarro: Perigo ao nosso lado


Walter Cordoni Filho*

Tendência mundial, a limitação ou proibição do ato de fumar em locais públicos é, antes de tudo, um ato de proteção à vida.

Foi-se o tempo em que os políticos e administradores públicos viam como importante a arrecadação de impostos decorrentes da venda de cigarros, charutos e sua matéria-prima, o fumo.

Hoje, estudos indicam que a sociedade paga muito mais caro pelas conseqüências dos males do fumo do que qualquer receita tributária gerada pelo setor.

Doenças respiratórias de baixa, média e alta complexidade, como bronquites e pneumonia, câncer, internações, despesas médicas, despesas hospitalares e os desdobramentos sociais de todas as etapas da evolução clínica de milhares de pacientes – e suas famílias – geram custos inimagináveis tanto para o fumante, quanto para a família e para toda a sociedade.

O tabagista ativo, ou seja, o indivíduo que fuma, é o grupo de maior risco de morte evitável.

O tabagista passivo - que é o indivíduo não fumante que convive com fumantes em ambientes fechados – integra o terceiro grupo de maior risco de morte evitável, logo atrás do alcoolismo.

Assim, é importante salientar que fumantes têm uma responsabilidade maior. Além dos riscos para si, a atitude gera desdobramentos severos junto aos familiares, colegas de trabalho e demais pessoas de sua convivência diária.

As ações que verificamos, notadamente no Estado de São Paulo, com restrição ao ato de fumar em ambientes fechados, além de reduzir a exposição de não fumantes, incentiva o debate de um tema crucial para a saúde pública: o homem público precisa tomar atitudes visando a segurança e a qualidade de vida de toda a população.

Parte do processo de conscientização pode ser creditado ao poder público e, nesta situação, o governo do Estado de São Paulo, nos últimos anos, vem tomando as medidas necessárias, elogiáveis.

Agora, muito precisa ser feito pelo próprio fumante, como ato de desprendimento e inteligência: reduzir ao mínimo o consumo de cigarros, quando não eliminar sua prática. E nunca, jamais, fumar em ambientes fechados: o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima em mais de 2.500 as mortes de brasileiros causadas apenas pelo fumo passivo.

* Walter Cordoni Filho, é médico pediatra, especialista em saúde púbica, Gestão hospitalar, Medicina do Trabalho e Medicina Ambiental - www.doutorwaltercordoni.com.br

Saturday, December 19, 2009

Medicina regulamentada, uma vitória do cidadão


Jorge Carlos Machado Curi*

Há cerca de um mês, a Câmara dos Deputados deu um presente a todos os cidadãos brasileiros. Votou favoravelmente ao projeto de lei 7703/2006, que regulamenta o exercício da medicina no Brasil. Dessa forma, empreende-se um passo fundamental para a normaltização legal dos atos exclusivos dos médicos e daqueles que podem ser compartilhados por outros profissionais de saúde. Em linhas gerais, com a aprovação dos senhores parlamentares, garante-se transparência à multidisciplinaridade e harmoniza-se o trabalho em equipe, além de oferecer mais segurança aos pacientes.

Foi uma batalha longa e árdua por parte dos médicos brasileiros, de entidades de pacientes, de parte dos gestores, e até de profissionais de outras áreas de saúde que comungam do sentimento de que o Brasil não pode mais viver no atraso. Passaram-se nada menos do que 7 anos, desde que o projeto começou a tramitar no Senado Federal. Mas valeu a persistência e a obstinação de tantos e tantos pares que colocam em primeiro plano o bem-estar da sociedade.

De fato, uma profissão de milênios, como a medicina, não pode continuar à margem da legalidade, impingindo riscos desnecessários a médicos e pacientes. A prática médica devidamente regulamentada é um avanço para o Sistema Único de Saúde (SUS), e principalmente para aqueles que não dispõem de recursos para pagar uma assistência particular ou plano de saúde.

Garante, assim, que o paciente mais carente terá direito a ser diagnosticado e tratado por um profissional de medicina devidamente capacitado. Isso é: teremos só uma medicina e de qualidade.

A despeito de algumas manifestações contrárias ao Projeto de Lei 7703, a verdade é que ele é extremamente positivo para todas as áreas de saúde. A começar pelo fato de estabelecer, com todas as letras, a liberdade necessária ao trabalho multiprofissional. Diz seu artigo 4º do parágrafo 7º “são resguardadas as competências das profissões de assistente social, biólogo, biomédico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, profissional de educação física, psicólogo, terapeuta ocupacional e técnico e tecnólogo de radiologia”.

Não exigimos o comando dos serviços de saúde, que pode ser exercido por profissionais de todas profissões, mas exigimos o comando dos serviços médicos, assim como as outras profissões exigem os seus e com razão.

Os médicos conhecem seu papel e sua importância, assim como sabem o valor inestimável dos demais agentes de saúde. Não queremos, não podemos nem devemos nos sobrepor a ninguém. Exigimos segurança para o exercício da medicina, para um atendimento de qualidade aos pacientes e almejamos total harmonia com os demais trabalhadores da saúde. Aliás, devemos juntos, neste momento, lutar por financiamento, gestão e tratativas de RH melhores para todos os profissionais.

Relevante nessa história é acima de tudo a segurança dos brasileiros. Com a aprovação do Projeto de Lei 7703, a situação muda para melhor: onde houver necessidade de atendimento médico, o estado será obrigado a contratar e disponibilizar um profissional com formação técnica, científica e ética em medicina. Justíssimo que pobres e ricos tenham acesso à qualidade.

Enfim, foi uma primeira vitória. Agora, falta o PL ser referendado pelo Senado Federal novamente, e depois sancionado pela Presidência da República. Essa é uma luta comum a todos nós, nesse momento.

* Jorge Carlos Machado Curi, presidente da Associação Paulista de Medicina

Wednesday, December 09, 2009

PRÊMIO ESSO DE JORNALISMO ANUNCIA VENCEDORES DE 2009


Imprensa Prêmio Esso de Jornalismo

Os jornalistas Fabiana Moraes e Schneider Carpeggiani, do JORNAL DO COMMERCIO, do Recife, com o trabalho OS SERTÕES, elaborado em razão da passagem dos 100 anos da morte do escritor Euclides da Cunha, conquistaram o Prêmio Esso de Jornalismo 2009. Após percorrer 4.713 quilômetros de estradas, desde a Bahia até o Ceará, os repórteres revelaram aos leitores um novo sertão, nos locais descritos por Euclides, onde convivem vaqueiros e pirateadores, beatos e travestis, cantadoras de incelências e traficantes, padres e b-boys.

Todos os vencedores foram conhecidos, na noite do dia 8 de dezembro, em cerimônia destinada a homenagear os finalistas do Prêmio Esso, realizada no Hotel Copacabana Palace. Foram conferidas 15 premiações, 12 das quais destinadas a contemplar trabalhos da mídia impressa, além do Prêmio Esso de Telejornalismo e da distinção de dois trabalhos de "Melhor Contribuição à Imprensa em 2009".

Prêmio Esso de Telejornalismo

Os jornalistas Mônica Puga, Junior Alves, Alex Oliveira, Aline Grupillo e Eliane Pinheiro, com o trabalho CONFRONTO NA LINHA VERMELHA, transmitido pelo SBT, exibiram o exato momento em que policiais e traficantes das favelas que margeiam a Linha Vermelha trocavam tiros em meio ao desespero dos motoristas pegos no fogo cruzado. Tudo ocorreu minutos antes do presidente Lula e sua comitiva trafegar pela via expressa.

Prêmio Esso de Reportagem

O Prêmio Esso de Reportagem coube aos jornalistas Rosa Costa, Leandro Colon e Rodrigo Rangel, autores do trabalho DOS ATOS SECRETOS, AOS SECRETOS ATOS DE JOSÉ SARNEY. Publicada no jornal O ESTADO DE S. PAULO, a série de reportagens revelou que o Senado Federal editara mais de 300 atos secretos para nomear altos funcionários, parentes e amigos de senadores, criar cargos e privilégios, além de aumentar salários. As sucessivas revelações, que sofreram censura judicial, acabaram conduzindo o ex-presidente da República e presidente do Senado, José Sarney, para o centro das denúncias.

Prêmio Esso de Fotografia

O Prêmio Esso de Fotografia foi atribuído ao repórter fotográfico Arnaldo Carvalho, que após percorrer nove estados do Nordeste, ilustrou com suas fotos o trabalho EXILADOS NA FOME, publicado no JORNAL DO COMMERCIO (Recife). Numa das fotos mais marcantes, ele captou o sofrimento de uma menina de pouco mais de um ano de idade que ficara cega por inanição.

Todos os vencedores tiveram seus trabalhos escolhidos de uma lista de 38 finalistas previamente selecionados de um total de 1.212 trabalhos inscritos, sendo 520 reportagens, séries de reportagens ou artigos; 164 trabalhos fotográficos; 209 trabalhos de criação gráfica em jornal, 69 trabalhos de criação gráfica em revista e 125 primeiras páginas de jornal, além de 121 trabalhos de telejornalismo e 04 inscrições ao Prêmio de Melhor Contribuição à Imprensa.

A Comissão de Premiação do Prêmio Esso de Jornalismo 2009, que julgou os trabalhos de mídia impressa (à exceção da fotografia), foi composta pelos jornalistas Humberto Werneck, Luiz Henrique Fruet, Percival de Souza, Roberto Muggiati e Silvio Ferraz, e esteve reunida na manhã do dia 8 de dezembro deste ano, no Rio de Janeiro.
PREMIAÇÃO

É a seguinte a relação completa dos vencedores do Prêmio Esso de Jornalismo 2009 - 54 anos:

PRÊMIO ESSO DE JORNALISMO 2009
Diploma e R$ 30.000,00
Fabiana Moraes e Schneider Carpeggiani, com o trabalho OS SERTÕES, publicado no JORNAL DO COMMERCIO (Recife).

PRÊMIO ESSO DE TELEJORNALISMO
Diploma e R$ 20.000,00
Mônica Puga, Júnior Alves, Alex Oliveira, Aline Grupillo e Eliane Pineheiro, com o trabalho "CONFRONTO NA LINHA VERMELHA", exibido o SBT.

PRÊMIO ESSO DE REPORTAGEM
Diploma e R$ 10.000,00
Rosa Costa, Leandro Colon e Rodrigo Rangel, com o trabalho DOS ATOS SECRETOS AOS SECRETOS ATOS DE JOSÉ SARNEY, publicado no jornal O ESTADO DE S. PAULO.

PRÊMIO ESSO DE FOTOGRAFIA
Diploma e R$ 10.000,00
Arnaldo Carvalho, com o trabalho "EXILADOS NA FOME", publicado no JORNAL DO COMMERCIO (Recife).

PRÊMIO ESSO DE INFORMAÇÃO ECONÔMICA
Diploma e R$ 5.000,00
Vicente Nunes, Ricardo Allan, Vânia Cristino, Karla Mendes, Letícia Nobre, Luciano Pires, Luciana Navarro, Mariana Flores e Edna Simão, com o trabalho O BRASIL QUE EMERGIRÁ DA CRISE, publicado no jornal CORREIO BRAZILIENSE.

PRÊMIO ESSO DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E ECOLÓGICA
Diploma e R$ 5.000,00
Marcelo Leite, Toni Pires, Claudio Ângelo, Marília Scalzo, Marcelo Pliger, Thea Severino, Adriana Caccese de Matos, Renata Steffen e Flávio Dieguez, com o trabalho NO CORAÇÃO DA ANTÁRTIDA, publicado no jornal FOLHA DE S. PAULO.

PRÊMIO ESSO ESPECIAL DE PRIMEIRA PÁGINA
Diploma e R$ 5.000,00
André Hippertt, Karla Prado e Alexandre Freeland, com o trabalho A FAIXA PRETA HOJE É DE LUTO, publicado no jornal O DIA.

PRÊMIO ESSO DE CRIAÇÃO GRÁFICA - CATEGORIA JORNAL
Diploma e R$ 5.000,00
Bruno Falcone e Yana Parente, com o trabalho OS SERTÕES, publicado no JORNAL DO COMMERCIO (Recife).

PRÊMIO ESSO DE CRIAÇÃO GRÁFICA - CATEGORIA REVISTA
Diploma e R$ 5.000,00
Marcos Marques, Alexandre Lucas, Marco Vergotti, Eduardo Cometti, Alberto Cairo e Equipe Faz Caber, com o trabalho VOO AIR FRANCE 447, publicado na revista ÉPOCA.

PRÊMIO ESSO ESPECIAL INTERIOR
Diploma e R$ 5.000,00
Suzana Fonseca e Tatiana Lopes, com o trabalho CASO ALESSANDRA, publicado no jornal A TRIBUNA (Santos).

PRÊMIO ESSO REGIONAL 1
Diploma e R$ 3.000,00
Silvia Bessa, com o trabalho QUILOMBOLA - OS DIREITOS NEGADOS DE UM POVO, publicado no jornal DIÁRIO DE PERNAMBUCO (Recife).

PRÊMIO ESSO REGIONAL 2
Diploma e R$ 3.000,00
Edgar Gonçalvez Junior e Equipe, com o trabalho NOVEMBRO DE 2008 - O MAIOR DESASTRE CLIMÁTICO DO BRASIL, publicado no JORNAL DE SANTA CATARINA (Blumenau).

PRÊMIO ESSO REGIONAL 3
Diploma e R$ 3.000,00
Paulo Motta, Angelina Nunes, Carla Rocha, Selma Schmidt, Vera Araújo e Fábio Vasconcellos, com o trabalho DEMOCRACIA NAS FAVELAS, publicado no jornal O GLOBO.

A Comissão de Premiação decidiu também endossar a declaração emitida pela Comissão de Seleção de repúdio, protesto e preocupação com a censura judicial imposta ao jornal "O Estado de S. Paulo".

MELHOR CONTRIBUIÇÃO À IMPRENSA EM 2009

Os diplomas de Melhor Contribuição à Imprensa couberam aos sites "Museu Corrupção" e "Congresso em Foco".

O "Museu da Corrupção" ou MuCo, na abreviação adotada por seus idealizadores, é uma iniciativa do Diário do Comércio, de São Paulo, que decidiram agrupar num site os casos mais importantes de corrupção noticiados pela imprensa desde 1964 até os dias de hoje. Segundo seus autores, pode traduzir-se como "um esforço para produzir um jornalismo participante e formativo, não apenas noticioso e espectador".

Desde fevereiro de 2004, quando foi criado, o site Congresso em Foco acumula inúmeras citações em outros veículos, inclusive estrangeiros, em razão de um paciente trabalho de investigação jornalística que lhe permitiu trazer à luz aspectos desconhecidos do Congresso Nacional e da realidade política brasileira. O site ganhou especial notoriedade em 2009 por revelar ao país o descontrole no uso de passagens aéreas por parlamentares, com centenas de voos ofertados a parentes e amigos, ou simplesmente comercializados num mercado paralelo ilegal.

Nada menos de 88 jornalistas pertencentes a dezenas de veículos, além de profissionais ligados à comunicação, estiveram envolvidos este ano durante três meses nas tarefas de julgamento do Prêmio Esso 2009.

O Prêmio Esso de Jornalismo destinou este ano aos vencedores um total de R$ 109 mil, já deduzidos os impostos. Além do prêmio principal, que leva o nome do programa, fixado em R$ 30 mil, e do Prêmio de Telejornalismo, estabelecido em R$ 20 mil, foram distribuídos R$ 3 mil para cada um dos três prêmios regionais, R$ 10 mil para as categorias de Reportagem e Fotografia e R$ 5 mil para cada uma das categorias de Criação Gráfica-Jornal, Criação Gráfica-Revista, Informação Econômica, Informação Científica/ Tecnológica/ Ecológica, Prêmio Esso Interior e Prêmio Esso de Primeira Página.

Sunday, December 06, 2009

Policiamento delirante da medicina


Antonio Carlos Lopes*

No Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) procura controlar a prescrição de medicamentos que agem no Sistema Nervoso Central. São três tipos de receituários adotados por força da portaria 344, de 1998, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Há o receituário branco carbonado, para medicamentos sem risco de criar dependência, o de notificação B (talonário azul), para as drogas que podem induzir à dependência, e o de notificação A (amarelo) para prescrição de fármacos com alto risco de dependência.

Como boa parte do arcabouço legal do país, são normativas que servem especialmente para burocratizar o trabalho do médico. Neste caso em particular, foram instituídas sem ao menos uma consulta aos especialistas e às suas entidades. O resultado é que a portaria, sem efeito de lei, tornou-se inócua. Não serve para fiscalizar nada, só dá dores de cabeça aos médicos e pacientes, ensejando um policiamento delirante da prática médica.

A Anvisa se dedica à advertir os profissionais sobre a exigência do nome e endereço do paciente no receituário branco carbonado, conforme obriga a portaria. Mas como é possível garantir que as informações fornecidas pelo paciente são de fato corretas? Agora o médico é obrigado a solicitar comprovante de residência para medicar o doente? Punir um médico por detalhe insignificante é desvio e abuso de responsabilidade. É burocratizar a assistência para tornar o acesso à saúde ainda mais caótico no Brasil.

Faz alguns anos, houve uma pesquisa junto a psiquiatras sobre a aceitação e credibilidade na eficácia das atuais normas de prescrição para psicofármacos. A conclusão é de que existe larga descrença sobre a eficácia das normativas que versam sobre controle, distribuição e comercialização de medicamentos. Os especialistas não vêem qualquer embasamento técnico na regulamentação e a consideram restritiva e burocráticas. Esse sentimento, aliás, também é comum em outras especialidades.

Houvesse ou não pesquisa, é fato que leis como essa denotam clara incompetência e total desconhecimento da prática médica. Está mais do que na hora das autoridades constituídas investirem tempo e dinheiro no que realmente importa, que é oferecer atendimento equitativo, de qualidade e dentro dos princípios do humanismo na prática profissional.

Em vez de fazer papel de polícia sobre os médicos, as autoridades deveriam fiscalizar com mais rigor as unidades de atendimento onde, em muitos casos, falta higiene, os pacientes são atendidos nos corredores e os médicos não têm condições de exercer dignamente a profissão. Com essa mentalidade, a Saúde no Brasil não conseguirá avançar e superar patamares. Tudo porque, para alguns iluminados, o que realmente importa são detalhes, como fiscalizar se a receita tem ou não endereço do paciente.

* Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

As distribuidoras e o blecaute


Hélio Viana Pereira*

Milhões de brasileiros em maior ou menor grau foram surpreendidos por um blecaute de grandes proporções na noite do dia 10 de novembro, evento que se estendeu em alguns casos até o fim da madrugada do dia seguinte. Descoberto o problema de transmissão e com a plena operação de Itaipu, o restabelecimento ocorreu inicialmente de forma gradual e, dentro de algumas horas, de maneira integral. Simultaneamente a esse episódio maior, as distribuidoras, responsáveis pelo abastecimento do mercado, intensificaram suas providências para a regularização de seus clientes. Um exército de profissionais, na sua maioria engenheiros, técnicos e eletricistas, aos poucos, foi assumindo seu posto com um único objetivo: regularizar o sistema elétrico brasileiro. A partir dos centros de operações, manobras em linhas alternativas contribuíram para amenizar o desligamento nas áreas atingidas e outras fontes supridoras compensaram a perda momentânea da maior usina brasileira. As distribuidoras de energia elétrica tiveram um papel fundamental na reorganização do sistema e no retorno do serviço a milhões de residências, indústrias e comércio.

O país deu um sobressalto. De imediato, os serviços de atendimento telefônico aos clientes começaram a registrar picos de chamadas e o centro de referência para os consumidores passou a ser o serviço das distribuidoras. Em algumas empresas o volume de atendimentos telefônicos ultrapassou em mais de quinze vezes o registro de um dia típico. Entre o final da noite e a metade da madrugada as distribuidoras do grupo CPFL Energia receberam quase 12 mil chamadas contra 800 em condições normais. Evidentemente os eletricistas tiveram sobrecarga de trabalho. Atuando na operação de manobras, no seccionamento de redes elétricas, no atendimento das ordens de serviço, esses profissionais foram também importantes atores no esforço de evitar a propagação do blecaute para áreas maiores ainda.

Equipes de sobreaviso foram chamadas, e reforçadas com profissionais de empresas terceirizadas. Os centros de operação descentralizados ficaram de prontidão e permanentemente trabalhando sincronizados com as orientações do Operador Nacional do Sistema elétrica (ONS). Normalizado o sistema elétrico com o retorno da operação de Itaipu, as distribuidoras envolvidas no blecaute intensificaram seus trabalhos. Aos primeiros sinais de recuperação das regiões atingidas, a preocupação voltou-se para a normalização das redes de distribuição primárias e secundárias, responsáveis pelo atendimento ao consumidor final.

Manobras na rede elétrica, a partir dos centros de operação, contribuíram para normalizar áreas mais críticas, para que 100% da população que acabou sofrendo algum tipo de problema pudesse ver resolvido sua situação. Simultaneamente a essas providências técnicas, a Imprensa teve um papel de fundamental importância ao informar e muitas vezes esclarecer os fatos e tranquilizar a população.


Pelo lado das empresas, seus centros atendimento, não só coletivos, mas os personalizados passaram a contatar prefeituras, grandes clientes, sociedade civil, e principalmente a Imprensa para esclarecer o problema, garantindo a volta à normalidade.

Muitos clientes relataram queima de aparelhos elétricos em suas residências. Atenta a isso, as distribuidoras orientaram a população sobre a legislação vigente em relação a esse ressarcimento, divulgando pela imprensa os procedimentos para a solicitação desse serviço

Uma coisa fica evidente no caos provocado num blecaute. durante e principalmente depois do episódio. São as distribuidoras de eletricidade o principal ponto de apoio da sociedade. Cuidando para que a situação volte ao normal o mais rapidamente possível. Os investimentos das distribuidoras para expansão e manutenção de seus sistemas elétricos são bilionários. No caso da CPFL Energia esse montante atinge exatamente R$ 1 bilhão para 2010. Essa resposta É disso que estamos falando aqui. Do esforço de pessoas comprometidas com o país e de empresas direcionadas para cumprir seu relevante papel social, mesmo nas situações mais complexas possíveis.

* Hélio Viana Pereira, Vice-Presidente de Distribuição da CPFL Energia

Wednesday, December 02, 2009

Na hora da mutação: fora aos espectadores?


Por Sandrine Lage*

“A procura crescente por automóveis elétricos implica o recurso a centrais de carvão e a gás, como apoio às centrais nucleares, como fonte de energia”, declarou recentemente uma jornalista francesa. Por que não considerar a alimentação das baterias através de energia solar disponível nos pontos de carregamento das baterias? Ou a construção ou adaptação de garagens das habitações?

“O carro elétrico, uma falsa boa idéia? Se parece uma das melhores soluções para reduzir as emissões de CO2 no mundo, as conclusões de um relatório destacam que a produção e utilização deste tipo de veículo não está isenta de conseqüências sobre o consumo de energia”. Assim se inicia um artigo datado de Novembro, de uma jornalista francesa (que assina como S.O). Mais uma oportunidade perdida para a mídia, que poderia ser a primeira a remar contra a maré de soluções fáceis, na direção de uma mutação radical. E outra semente de influência poderosa desperdiçada por insistir na comunicação de soluções que não abandonam o mindset que nos arrastou para este cruzamento.

Considerando estimativas relativas à substituição total do parque automóvel por veículos elétricos, os fatos apontam para um aumento de consumo de eletricidade na União Européia, na ordem dos quinze por cento. O estudo da Eurelectric (Associação dos Produtores de Eletricidade da União Européia) realizou-se em 2009. Até aqui, tudo bem. Se bem que poucas dúvidas haja sobre o valor acrescentado de questionar especialistas sobre a viabilidade de uma planificação de um impacte neutro a nível de emissões de CO2 para a utilização de carros elétricos. E sobre as vantagens: ausência de ruído na cidade, possibilidade de abrir janelas e respirar ar puro, dando uma folga ao ar condicionado e à degradação dos monumentos e da nossa saúde... Se pretendemos fazer parte da “transformação” ou “mutação” anunciada, cabe, antes de mais, à perspectiva da mídia conter as sementes de outra mentalidade ...

mídia: mesma fórmula = mesmo resultado

“Pode ser por muito pouco tempo, mas as chaves do futuro ainda nos pertencem,” declarou, recentemente, o escritor e jornalista francês Nicolas Hulot, aquando do lançamento do filme da sua autoria (em parceria com Jean-Albert Lièvre): “O síndrome do Titanic”. É certo que as transformações do planeta e a atividade humana não abrandam. Paralelamente, permanece filtrada a mensagem para convencer que “a mutação é incontornável e que temos tudo a ganhar se dirigirmos a orquestra em vez de nos submetermos à mesma”, como explica Nicolas Hulot.


Como desejar que milhões de leitores, espectadores se “convertam”, passando a agir no sentido de “consumir sem consumir o mundo no qual vivemos” (Akatu) – assim como os Governos – quando a mídia insiste na promoção da “velha mentalidade” (mesmo que inconscientemente)?

Não seria tão grave caso o papel da mídia não fosse, em todas as suas formas, oferecer informações corretas e consolidadas sobre o que é a nova economia. E não fosse “importante informar e fundamental oferecer o conhecimento necessário para a transformação”, como sublinha Dal Marcondes, jornalista e editor da Envolverde (revista digital sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável).

De espectadores a atores

Atravessar o nevoeiro e por termo ao ruído da mensagem, que Nicolas Hulot designa tão brilhantemente como “excesso tóxico” -e que retrata no seu filme-, passa, inevitavelmente, por nos tornarmos atores: “abandonar “o culto do ‘sempre mais’, da ‘obsessão pela quantidade’, da ‘criação de necessidades que não existem’, da ‘ideologia da possessão para existir’ e ‘do capitalismo como modelo econômico dominante’”. É uma oportunidade para a humanidade se reencontrar, “devolvendo sentido ao progresso”, refere o homem que carrega nos ombros um combate, há mais de duas décadas. A comunicação, face aos ângulos mortos do público em geral, do Governo Francês, da mídia, tem sido a sua “espada”, numa luta incansável de promoção para nos entregarmos a este momento de mutação.

“Yes, we can”

Como? Veja-se o recente caso da visita de Obama à China: “não restam dúvidas de que o elevado endividamento dos EUA e a poupança excessiva da China contribuíram de forma decisiva para que se criassem as condições para a presente crise internacional”, como declara o jornalista português Sérgio Aníbal (consulta a 17.11.2009 - 15h35, do site do jornal Público). Nem mesmo o otimismo e a eleição do mais recente Presidente dos Estados Unidos – que contribuiu com um sinal inequivocamente positivo de confiança- poderia ser apontada como solução isolada. Todos nós, especialmente no mundo ocidental, temos sido cúmplices ao adotar o “american lifestyle”.

Eis a deixa da mídia e dos atores: o quarto poder poderia ser aliado onde são encontradas lacunas por parte dos Governos e quando os interesses econômicos falam mais alto: ao apontar alternativas sustentáveis aos consumidores: para quem tem opção, parar (ou diminuir) o consumo de produtos produzidos na China, enquanto as condições de trabalho, de segurança e de qualidade não se assemelharem às da União Européia, sobretudo quando se trata de marcas de prestígio (ainda é mais grave).

Procura-se reequilíbrio na economia mundial do pós-crise


Informar incansavelmente que grande parte do desemprego na Europa se deve à deslocalização de empresas e à importação de produtos com custos extremamente reduzidos, devido ao baixo preço de mão-de-obra na China (que frequentemente enfrentam condições de trabalho miseráveis) e pela generalização de desrespeito por normas impostas noutros países (nomeadamente, a nível de prejuízo para a saúde do utilizador);

informar que, nalguns casos, a perda de identidade está em causa: no Santuário de Fátima, em Portugal, por exemplo, todos as Santas são made in China. O cenário repete-se em qualquer grande cidade (Nova Iorque, por exemplo) onde decidamos adquirir um souvenir; informar que ao adquirir produtos locais (não necessariamente do país de origem, mas próximo), o impacte ambiental é menor e gerará mais emprego se for nacional;

informar que basta abdicar de comer carne durante alguns dias por semana (e, idealmente, prolongar esse período), para ganhar em saúde e reduzir em impacte ambiental. A mesma fórmula aplica-se aos pacotes de cereais (que utilizam, à semelhança da carne, toneladas de água na sua produção) e a espécies em vias de extinção, como o atum e o bacalhau.

Trata-se, agora, de “ganhar consciência de que chegamos ao fim de um sistema e que devemos encontrar um que o substitua -baseado na partilha, em detrimento da competição”, como não se cansa de repetir Nicolas Hulot.

A mídia tem um enorme poder, assim como os consumidores. Resta informá-los de que basta "começarem a fazer o que é necessário, depois o que é possível para, de repente, fazerem o impossível." Até São Francisco de Assis o sabia no século XIII. Não será já tempo de voltar às origens e da mídia recuperar o seu papel de vanguarda?

* Sobre Sandrine Lage Jornalista franco-portuguesa, com formação em comunicação e RSE

Saturday, November 28, 2009

Mitos e verdades sobre o Google Earth

Eduardo Freitas*

Você sabia que o Google recebe mais de 10 mil sugestões por hora de usuários para correção dos mapas online? É isso mesmo: são mais de um milhão de indicações dos internautas a cada quatro dias com correções em nomes e direções de ruas.

Com 500 milhões de usuários em todo o mundo, o Google aproveita sua experiência com o mapeamento colaborativo e o acesso simultâneo a dados para oferecer ferramentas corporativas do Google Earth e Maps.

Porém, ainda há muitas dúvidas sobre o Google Earth. As imagens são em tempo real? Quando o Google atualiza os mapas? É possível usar tudo de graça? As versões corporativas têm mapas mais recentes?

O principal mito recai sobre as imagens "online". Séries televisivas como "24 Horas" e filmes como "Inimigo de Estado", que mostram agências governamentais usando satélites para filmar o que está acontecendo, não passam de ficção. As imagens do Google Maps e Earth são obtidas por satélites e aviões com câmeras digitais, geralmente de propriedade privada. Após a aquisição dessas fotos, o Google faz parcerias com as companhias para disponibilizar os dados.

Outra dúvida é sobre a atualização das imagens, já que o Google não disponibiliza uma previsão de quais áreas terão melhores dados. Só é possível saber que uma cidade ou área rural tem dados novos após a publicação das imagens de satélites ou fotos aéreas. Já os dados vetoriais, como ruas e limites de bairros, são obtidos por meio de parcerias com empresas que produzem mapas.

Outro mito das ferramentas de mapas é que tudo está lá de graça. A versão free realmente está disponível para qualquer usuário fazer o que bem entender do software. Pode-se até mesmo usar a versão grátis para publicar informações e disponibilizá-las para outros internautas. Porém, caso um aplicativo precise de login e senha para ser acessado - por assinantes de um serviço, por exemplo - aí é necessário obter uma licença profissional do Google Earth ou Google Maps.

Com a introdução de ferramentas corporativas no mercado, existem dúvidas sobre a atualização e disponibilização dos dados. As opções para empresas têm alguns diferenciais, como a possibilidade de imprimir imagens com melhor qualidade ou de obter suporte técnico, porém a base de dados com mapas e imagens de satélites é exatamente a mesma da versão free. O que muda é a inclusão de ferramentas de medição de área e importação de arquivos de geoprocessamento.

Há algum tempo, a criação de modelos em 3D e sua inclusão em imagens de satélite eram temas de trabalhos acadêmicos, mas agora qualquer criança faz o mesmo usando o Google Earth. Da mesma forma que o PC democratizou a computação, o Google popularizou o geoprocessamento.

* Eduardo Freitas é técnico em edificações, engenheiro cartógrafo, mestrando em geoprocessamento e editor da revista InfoGEO, publicada pela editora MundoGEO

A polêmica da revalidação dos diplomas médicos


Antonio Carlos Lopes*

Foi anunciado dias atrás que governo deve publicar no início de 2010 um edital com novas normas para o exame de validação dos diplomas de médicos formados no exterior. Estranhamente o comunicado não saiu do Ministério da Educação, órgão responsável por disciplinar tal matéria. Veio, sim, do Departamento de Gestão da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, por intermédio da diretora Ana Estela Haddad, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, da Câmara dos Deputados.

Ressalto que a validação de diplomas de médicos estrangeiros, e principalmente de brasileiros formados em outros países, é um processo democrático e republicano. Contudo, são necessárias regras rígidas para não expor os cidadãos à incompetência profissional oriunda de modelos de formação inadequados ou insuficientes.

O que o governo tenta, na atual conjuntura, é mais um arremedo para esconder sua incompetência em conceber políticas consistentes para garantir a universalidade e integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Busca mão-de-obra barata, de qualidade contestável, para colocá-la a atender em regiões de fronteira, de difícil acesso. Enfim, parece que planeja oferecer medicina de segunda para os carentes e desassistidos.

A ladainha de mudar o formato da validação tem origem na opção do governo de reconhecer a qualquer custo os diplomas de médicos brasileiros formados na Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba, a Elam. É um grupo ligado a movimentos sociais com o qual tenta-se saldar um compromisso político.

Aliás, um acordo de cooperação entre Brasil e Cuba deu início ao processo, ilegítimo, diga-se de passagem. Data de 23 de outubro de 2003, o primeiro projeto de decreto apresentado para tratar do “registro recíproco dos diplomas de graduação e pós-graduação stricto sensu, conforme o disposto no Protocolo de Intenções na área de Educação, Saúde e Trabalho, firmado entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República de Cuba”, levando a assinatura do então ministro da Casa Civil, José Dirceu.

Em passado mais recente, depois de buscar solucionar esse nó por meio de diversas outras propostas de normativas, o governo tirou da cartola um novo projeto para a validação que teria como piloto justamente os estudantes da Elam; favorecimento puro. Brecado pelos protestos e pelo bom senso de entidades médicas e de forças democráticas, trabalha agora para impor à sociedade mais uma invencionice.

São, acima de tudo, atitudes de cunho ideológico e caráter puramente eleitoreiro. Chama a atenção o fato de o Ministério da Saúde ter tomado a frente dessa ação por intermédio do Departamento de Gestão da Educação na Saúde.

Há vários desvios graves nessa história. A começar por estarem passando por cima do Ministério da Educação em assunto que somente ao MEC diz respeito. Mas os equívocos são uma freqüente naqueles que respondem por disciplinar a formação no Brasil atualmente. Há pouco, por exemplo, acenou-se com a absurda oferta de 2.000 bolsas de residência médica para o eixo Norte/Nordeste, como se isso fosse resolver os problemas de escassez de assistência de qualidade em ambas as regiões.

Lamentável é que o governo dá poder a bacharéis em medicina que desconhecem o que é a residência médica. Residência é coisa séria; requer preceptoria competente, recursos humanos capacitados e materiais adequados ao aprendizado. É a pérola da coroa da graduação.

Faz três anos, foram oferecidas 250 bolsas de residência médica com finalidade semelhante. O retorno foi de apenas 20% de ocupação, sendo que, após um curto espaço de tempo, não havia nem 10%. Será que a experiência do passado recente não serve de orientação? Até quando teremos políticas inoperantes implantadas por quadros mais inoperantes ainda?

A residência médica é da alçada do Ministério da Educação, volto a frisar; mais especificamente da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). O Ministério da Saúde tenta há tempos se apoderar do processo, mas é uma ingerência que deve ser denunciada e combatida.

Conseguimos, recentemente, a aprovação da regulamentação da profissão do médico na Câmara dos Deputados, que deve se confirmar em breve no Senado. É uma conquista importante para quem conhece os meandros da política, pois representa um revés a aventureiros de passagem pelo poder. É mais uma ferramenta para a sociedade exigir uma medicina séria e de qualidade.

* Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Thursday, November 26, 2009

A verdade sobre a regulamentação da medicina

José Luiz Gomes do Amaral*

Faz algumas semanas, a Câmara dos Deputados deu demonstração de sensibilidade e compromisso social ao aprovar o projeto de lei 7703/2006, que regulamenta o exercício da medicina no Brasil. Trata-se de passo fundamental em busca da qualificação da assistência à saúde dos cidadãos.

O texto consagrado na Câmara, com importante contribuição do relator Eleuses Vieira de Paiva, na Comissão de Seguridade Social e Família, define claramente as responsabilidades dos médicos; e as que podem ser compartilhadas com os demais profissionais de saúde. Garante transparência à multidisciplinaridade e harmoniza o trabalho em equipe.

É inegável que a regulamentação da medicina representa avanço ao Sistema Único de Saúde, especialmente no que tange à assistência aos cidadãos que não dispõem de recursos para contratar plano de saúde.

Ainda assim, há quem se manifeste contrário ao PL 7703/2006. Por desatenção ou flagrante má-intenção, há quem argumente que interfere nas atividades de cirurgiões-dentistas, de médicos veterinários e de outros profissionais de saúde.

Dizer que a regulamentação da medicina limita o exercício dos demais profissionais de saúde é inverdade explícita. Está claro no artigo 4º do parágrafo 7º: “são resguardadas as competências das profissões de assistente social, biólogo, biomédico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, profissional de educação física, psicólogo, terapeuta ocupacional e técnico e tecnólogo de radiologia”. Não há, portanto, qualquer razão para interpretar o PL 7703/2006 como restritivo. No caso da veterinária, então, não existe qualquer correlação, tendo em vista que os médicos cuidam de seres humanos.

Hoje vemos tentativas de distorcer a proposta de regulamentação da profissão médica, atribuindo-lhe características que não possui nem quer ter. É evidente que o PL não se sobrepõe às demais profissões da saúde. Mesmo assim, buscam criar polêmica e confundir opinião pública e também o Senado Federal.

Falta com a verdade quem tenta vender a idéia de que a regulamentação da medicina colocaria os demais profissionais de saúde em posição subalterna. Isso não existe no texto. Os médicos brasileiros têm total consciência de que não há profissão mais ou menos importante. O que é necessário, para o bom desempenho da assistência, é a definição clara das competências. Só assim garantiremos eficiência e segurança ao atendimento.

O PL 7703/2006 não cerceia os outros profissionais do sistema de saúde. Não impede que outros profissionais participem da realização de exames, mas reafirma que o diagnóstico é responsabilidade do médico. Dessa forma, apenas se propõe a transformar jurisprudência em lei. O projeto proposto também consagra o sentimento comum; afinal, a quem levamos, senão ao médico, nossos filhos, pais e amigos doentes para diagnóstico e orientação terapêutica?

Não há, portanto, nada que fuja a lógica e ao senso comum no atual projeto de regulamentação da medicina. Resta-nos, portanto, assim, esclarecer à sociedade sobre o real conteúdo da proposta, rebater falsos argumentos e aguardar a manifestação definitiva do Senado e da Presidência da República.

*José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Médica Brasileira

O QUE FAZER QUANDO A RESPOSTA É: - NÃO!


Janete Teixeira Dias*

Um NÃO redondo e sonoro, bem grande e cheio, daqueles que espantam os sonhos e nos enchem de medos e de tristeza, que explode na cara, bate na cabeça, quebra as pernas, atordoa, dá vertigem, dor de cabeça. Um NÃO maior que a capacidade de sorrir de tudo, maior que a determinação de levar a vida na boa. Um NÃO daqueles que dói no osso, dói na alma, abre feridas, queima, arde, faz sangrar. Quem já recebeu um NÃO desses na vida?

É possível que alguém, pela pouca idade, não tenha vivenciado uma situação dessas. Isso faz com que até duvide que algo assim possa acontecer. Entretanto, aqueles que, de alguma forma, já passaram por essa situação, sabem que é preciso fazer um grande esforço para se tirar algum aprendizado sempre que um cenário pouco favorável como esse se descortina a nossa frente. Mas como é difícil!

A vida é generosa e quase sempre diz “sim” a todos nós. Daí surge um desacostumar com os limites, com as barreiras, com as oposições, as objeções, os “nãos”. E quando eles teimam em surgir, causam estragos na autoconfiança, na autoestima.

Por vezes até podemos ter consciência da possibilidade de nossos planos, sonhos e desejos não virem a se concretizar. Mas somos movidos pela esperança e, apesar de considerarmos a possibilidade do não, tudo o que mais desejamos é receber uma resposta positiva para nossos investimentos - sejam eles de energia, afetos, finanças.

Mas nem sempre as coisas saem como imaginamos e daí acontece... A resposta chega e é um não.

Então, como reagir diante de um não? Será que existe uma receita boa, daquelas infalíveis? Pode até ser que exista, mas creio que ela ainda é desconhecida da maioria dos mortais. Entretanto, é possível compartilhar algumas pequenas artimanhas que são utilizadas quando se está diante de uma resposta negativa às nossas expectativas.

O não pode ser para uma oportunidade de trabalho, para um projeto profissional, para um aumento de salário, para uma promoção, para a aquisição de um bem, para mais autonomia ou liberdade de ação, pode ser inclusive para um relacionamento afetivo. Qualquer que seja a situação, será sempre uma barreira a ser transposta.

Uma negativa gera muitas vezes um sentimento de frustração, que pode vir seguido de uma vontade de destruir o objeto ou a pessoa responsável pelo impedimento às nossas ações. Contudo, dar asas a essa agressividade não é uma boa estratégia. Nessas horas, vale o velho conselho que nos convida a respirar fundo e contar até dez. A raiva não é uma boa companheira, nem boa conselheira. É preciso pensar em outras alternativas de ação.

Há vezes em que a saída é simplesmente sentar e chorar diante de um não. Chorar muito. Vem-nos um sentimento de pequenez, como se fôssemos a menor de todas as pessoas. Acha-se que o mundo está contra nós, um pequeno complô para provocar nossa desestruturação. Ninguém nos ama e ninguém pode nos ajudar. Resta-nos chorar e deixar que as lágrimas lavem nossa alma e nos acalmem, trazendo a paz ao nosso coração, para que, depois, apaziguados e com o olhar mais límpido, seja possível enxergar a situação de outra forma e encontrar uma nova oportunidade para prosseguir em nosso projeto de vida.

Outras vezes podemos simplesmente desistir, exercitar o desapego. Ir procurar outros interesses. Abrir mão para não sofrer. Nem sempre é fácil, mas é uma saída que pode funcionar.

Há, porém, momentos em que vale a pena lutar, procurar desesperadamente reverter o não e obter um sim precioso. São momentos intensos, de estratégia, de pausas e silêncios cheios de significados, momentos de ansiedade, angústia e incerteza. Momentos densos, de uma força imensa, de um desejo enorme de ver os caminhos travados se descortinarem em uma linda estrada florida e cheia de bem-aventurança. Quando conseguimos nos manter firmes na busca por nossos sonhos, ao conquistá-los, uma sensação de força nos invade. Nem sempre perseverar é sinônimo de conquista. Mas é uma ação que na maioria das vezes pode ser coroada com êxito.

* Janete Teixeira Dias é coordenadora da área de Gestão de Carreiras da FIAP e da Faculdade Módulo

Tuesday, November 24, 2009

Quatro milhões de consumidores sem Natal


Carlos Stempniewski*

Brasileiro tem R$ 26,5 bilhões em dívidas acumuladas no cartão e inadimplência chega a 28,3%, segundo BC. A inadimplência das operações de crédito no cartão é, de longe, a mais alta de todo o sistema financeiro brasileiro. Em julho, 28,3% das transações com juro feitas com o dinheiro de plástico, como o crédito rotativo e parcelamento, tinham atraso de pagamento superior a 90 dias, conforme dados do Banco Central.

Dados divulgados pelo BC revelam o que já se comentava no restrito círculo das operadoras de cartões de crédito. A inadimplência chegou forte nos cartões. No Brasil mais de 100 milhões de cartões plásticos de crédito estão ativos. Considerando-se em média três cartões por CPF podemos concluir entre 40/50 milhões de cidadãos realizam transações comerciais habitualmente através deste meio de pagamentos.

O sucesso deste produto além de sua facilidade, segurança e onipresença é o parcelamento automático por prazo indefinido. Mais da metade dos clientes utilizam-se do crédito rotativo. Aqui reside o perigo para seus milhões de usuários. Desde o lançamento do Plano Real, as autoridades nunca atentaram para os juros praticados nesta modalidade de crédito. Ainda hoje com a inflação beirando os 4% ao ano, a taxa do rotativo chega até 12% ao mês. A média do setor fica em 237,9% ao ano. Apesar desta política de juros altos, até 2007 a inadimplência estava na faixa de 2 a 3% do volume das transações. O aperto generalizado do crédito levou parcela significativa de consumidores a usarem este instrumento de pagamento.

As altas taxas de juros potencializaram os saldos devedores. O resultado está contabilizado nos dados que apontam para perdas da ordem R$ 7,5 bilhões, com atrasos no pagamento acima de noventa dias. Indicativo de perda no setor financeiro. Atingindo um patamar recorde de 28,3% do volume transacionado. Especialistas, com base no valor médio financiado por cartão, estimam que mais de quatro milhões de brasileiros esteja com seus cartões cancelados. Impedidos, portanto de realizar novas operações. Leia-se novas compras. Enquanto as taxas de juros ficam nas alturas, bilhões de reais são perdidos pela inadimplência, o comércio vê desaparecer milhões de consumidores de suas lojas, nossas autoridades, vítimas de estrabismo focal, discutem a legalidade de descontos diferenciados para compra à vista ou a crédito ou limites para as taxas que incidem sobre a operação dos terminais de consulta dos pontos de venda. O comércio, apesar do sinal amarelo acesso torce por um Natal melhor no final do ano.

* Carlos Stempniewski, administrador, professor das Faculdades Integradas Rio Branco.

Sunday, November 22, 2009

O cliente em primeiro lugar. Seja ele fumante ou não...

Marcos Morita*

O assunto do momento entre proprietários e frequentadores de bares e restaurantes de Curitiba e Rio de Janeiro é a nova lei antifumo, sancionada e publicada no diário oficial, proibindo o cigarro em ambientes fechados em todo o Estado do Paraná e do Rio de Janeiro. Gostando ou não, todos terão que se adequar às novas restrições. Em São Paulo, a lei completou três meses, com adesão de 99% dos estabelecimentos, após 110 mil fiscalizações, ou seja, mais de 1.200 por dia.

Esta polêmica lei traz à tona uma das diferenças mais marcantes entre produtos e serviços: o conceito da inseparabilidade. Este conceito reflete sobre a interconexão entre o “provedor de serviços”, o “cliente envolvido” e os “outros clientes” que compartilham o mesmo serviço.

Em suma, o “provedor” - aqui interpretado pelos proprietários desses estabelecimentos - terá de buscar maneiras para agradar seus dois tipos de clientes, os fumantes e os não fumantes. A estratégia de gerenciamento do cliente menciona que deve-se evitar experiências negativas, em situações que um mesmo serviço é compartilhado por diversos clientes.

Para isso, os “provedores” deverão encontrar maneiras de agradar a todos os seus clientes sem desrespeitar a lei. A informação e o alinhamento da equipe de trabalho são as melhores ferramentas na superação desse impasse.

Estar bem informado sobre o assunto, ter uma área externa para receber os fumantes, sinalizar o interior do estabelecimento e ter um folheto explicativo sobre a restrição, são maneiras educadas e bastante eficientes para evitar possíveis constrangimentos.

Os funcionários também devem estar muito bem treinados quanto a esta questão. Mantê-los bem informados sobre o assunto e treiná-los para situações de conflito são alternativas de grande valia.

Criar um plano de contingência e simular acontecimentos críticos são maneiras descontraídas, criativas e bem humoradas para preparar os funcionários e fazer com que eles nunca percam a calma diante de clientes que resistem em obedecer a lei.

É preciso ficar claro que os estabelecimentos não irão excluir ou simplesmente dispensar clientes fumantes. Ao contrário disso, eles irão se adaptar à lei e ao mesmo tempo propor alternativas para minimizar os impactos negativos e restritivos aos que fumam. O fumante continuará sendo bem-vindo. Mas agora terá de cumprir algumas regrinhas.

*Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas e professor da Universidade Mackenzie. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais. Contato: professor@marcosmorita.com.br / www.marcosmorita.com.br

Saturday, November 21, 2009

O acidente no Rodoanel e as boas práticas da engenharia


José Roberto Bernasconi*

O acidente que ocorreu no último dia 13 de novembro, na construção de um complexo de viadutos do tramo sul do Rodoanel de São Paulo sobre a rodovia Régis Bittencourt, no município de Embu-SP, tem motivado uma polêmica pela imprensa, envolvendo a engenharia brasileira. Parte dessas críticas padece de um defeito que é comum em acidentes do gênero: nelas, recorre-se muitas vezes ao "achismo" para apontar culpados, de forma apressada e com certo grau de leviandade. A queda de três vigas pré-fabricadas de concreto de grande porte (40 m de comprimento e mais de 80 toneladas de peso) só aconteceu porque indubitavelmente houve falha. Para definir se a falha foi singular, única, ou devido a um conjunto de fatores é necessário haver uma apuração de suas causas, de forma tecnicamente rigorosa e isenta. Essa apuração técnica é que pode esclarecer causas e apontar responsabilidades. Serve também para que tanto a administração pública quanto a engenharia brasileira, constituída por profissionais e empresas experientes e com um portfólio invejável de obras executadas de forma impecável e, em sua ampla maioria, sem acidentes, possa evoluir e adotar procedimentos que impeçam a sua repetição.

Esse procedimento é muito importante para que, utilizando uma expressão popular, não se "jogue o bebê junto com a água do banho". Isto porque, na obra do Rodoanel, todos os procedimentos legais exigidos foram seguidos pela Dersa, a estatal responsável pela obra, com contratação de projetos, fiscalização/supervisão técnica, gerenciamento e construção (consórcio responsável pela execução) por licitação, de acordo com as exigências da Lei 8.666/93, que regulamenta as licitações no Brasil. Foram realizadas inúmeras audiências públicas e, como resultado, o Rodoanel é uma das obras viárias brasileiras que melhor atendem às exigências socioambientais, com requisitos de sustentabilidade poucas vezes vistos em nosso país.

Assim, a Dersa contratou empresas de gerenciamento e supervisão técnica da obra, de acordo com o que é praticado e recomendado pelos países mais desenvolvidos do mundo e, também, pelo Brasil nos seus três níveis de governo (federal, estadual e municipal ) e, exigido por agências internacionais de fomento, como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento, por exemplo, que não financiam obras que não tenham projeto desenvolvido em sua forma completa, gerenciamento e supervisão técnica feitas por empresas contratadas especificamente para essas atividades, exercidas de forma autônoma.

O destaque a esse item é essencial para que possam ser compreendidos os benefícios à sociedade gerados pela contratação dos projetos de engenharia, e dos serviços de gerenciamento e de supervisão técnica de obras com empresas especializadas nessas atividades da construção civil. Em primeiro lugar, porque empreendimentos públicos e privados se beneficiam do acúmulo de conhecimentos e da experiência de empresas e profissionais altamente especializados, a um custo socialmente justo e adequado. O benefício vem do fato de que os governos, em todos os seus níveis, podem ser supridos por esses profissionais altamente especializados e pelo conhecimento das empresas sem que seja necessário inchar a máquina pública. As empresas de projetos de arquitetura e engenharia, de gerenciamento e de fiscalização/supervisão técnica de obras são contratadas por período determinado. Por isso, as maiores empresas estatais e privadas do país, como Petr obras, Vale do Rio Doce, AMX, entre diversas outras, contratam empresas especializadas, com profissionais muito qualificados, para projetar, gerenciar e supervisionar seus empreendimentos, desde suas etapas iniciais.

Com essa contratação por prazo determinado e custo estipulado contratualmente, os administradores públicos e privados podem se dedicar às suas atividades executivas fundamentais, que são a de planejar estrategicamente e gerir órgãos públicos, empresas estatais e privadas objetivando ao melhor resultado, para a sociedade, no caso de empresas públicas, ou para seus acionistas/proprietários, em empresas privadas.

Todas essas etapas e definições foram seguidas pela Dersa, na construção do tramo sul do Rodoanel. Falhas, porém, podem acontecer. O que interessa à sociedade e à engenharia brasileira é a investigação criteriosa de suas causas, visando a apurar responsabilidades e impedir que se repitam. O Sinaenco e as quase 18 mil empresas que o integram têm o maior interesse nessa apuração, sem pré-julgamentos nem "achismos", de causas e responsabilidades e se dispõe a colaborar para isso, no que for necessário, com as autoridades responsáveis e os órgãos competentes, em defesa da sociedade e visando à melhoria e ao desenvolvimento da engenharia brasileira.

*José Roberto Bernasconi é presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco)

Sunday, November 15, 2009

Gravidez na adolescência no Brasil cai, mas ainda preocupa


Dr. Ricardo Cristiano Leal da Rocha*

Segundo dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde, o número de partos realizados na rede pública em gestantes de 10 a 19 anos caiu 7,9% entre 2007 e 2008. As maiores quedas aconteceram, sobretudo, nas regiões Sudeste, seguida pelo Sul e Centro-Oeste. Há regiões que não apresentaram queda. O Amapá até registrou aumento de 39,2% nos casos.
Como se vê, são muitas as particularidades de cada uma das regiões brasileiras. Porém, a partir de semelhanças com outros países, podemos confirmar que a incidência de gravidez na adolescência é mais frequente entre as populações mais pobres e com baixa escolaridade. Para ter uma ideia, o Japão possui incidência de 2% a 3%, enquanto que a Nigéria alcança índices de 53% entre suas populações jovens.

O desnível sócio-econômico cultural, o nível de pobreza geral, as inúmeras condições de vulnerabilidade e os elevados índices de prostituição infanto-juvenil, além da atividade sexual exercida cada vez mais precocemente, são alguns dos principais motivos para estes índices.

No entanto, diferentemente do passado, hoje, na maioria das vezes, a primeira gestação na adolescência não acontece por desinformação sobre os métodos anticoncepcionais. Vários estudos brasileiros e pesquisas de opinião pública comprovam que as adolescentes conhecem os métodos, contudo, não fazem uso dos mesmos.
Mais do que oferecer informação, precisamos de mais projetos de integração na área do adolescente, como já existem de forma isolada como aqueles promovidos pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, mobilizando estas jovens de forma educativa e cultural, abrindo espaço para diálogo e discussões, gerando reflexões, conhecimento, mudanças de atitude em relação à atividade sexual segura e responsável.
Ações como estas são importantes e podem refletir, inclusive, na redução das taxas da segunda gravidez na adolescência. E ainda no desvio por repetição, que são os filhos de adolescentes que têm maior possibilidade de se tornar pais e mães também na adolescência. Isso porque, de 50% a 70% das mães adolescentes são filhas de pais e mães adolescentes.

A prevenção da gestação na adolescência é também medida importante para redução das altas taxas de mortalidade materna. Na população geral, a mortalidade materna é a oitava causa de óbito entre mulheres. Contudo, na adolescência, é a sexta causa de morte. Isso significa que adolescentes têm 2,5 vezes mais chances de evolução para óbito em decorrência de complicações diretas da gestação, parto e puerpério, principalmente aquelas na faixa etária de 15 a 19 anos, quando comparadas a mulheres de outras faixas etárias.

* Dr. Ricardo Cristiano Leal da Rocha é presidente da Comissão de Ginecologia e Obstetrícia Infanto-Puberal da FEBRASGO

Wednesday, November 11, 2009

15 DE NOVEMBRO: DIA DA REPÚBLICA


Ricardo Barros*

No dia 15 de novembro, comemoraremos a Proclamação da República no Brasil. Mas você sabe o que é República e como nasceu a República brasileira?

A palavra e a ideia de República nasceram entre os romanos antigos. A palavra significa “coisa pública” ou “bem comum”. O termo denota uma comunidade política organizada, assinalada pelos requisitos da existência de um povo, de um território e de um governo. A ideia era que todos os cidadãos participassem da escolha daqueles que os representariam nos destinos da nação.

Na Roma Antiga, a era republicana correspondeu ao período de maior desenvolvimento daquela civilização. Houve um substancial aumento territorial através de diversas guerras empreendidas pelos romanos. Houve também uma luta entre os integrantes dos dois principais grupos sociais romanos - os patrícios e os plebeus - e uma grande descentralização do poder que antes estava concentrado nas mãos de um único rei. Em 27 a.C., Otávio liderou um golpe militar que teria dado origem ao império em Roma.

No Brasil, a República surgiu em 15 de novembro de 1889. Naquela tarde ensolarada do mês de novembro, o Marechal Deodoro da Fonseca, que estava bastante doente, teria se levantado de sua cama e, em cima de seu cavalo, proclamou a República pelas ruas do Rio de Janeiro. A proclamação da República adquiriu feições de um golpe militar. Não podemos dizer que o grande herói da República era um republicano convicto. Ele havia escrito a um sobrinho, alguns meses antes, afirmando em sua carta que a monarquia, sem dúvida, era o melhor regime político para o Brasil. Mas, influenciado por republicanos convictos como Benjamin Constant, ele proclamou a República brasileira em novembro de 1889.

O povo assistiu “bestializado aos acontecimentos”, de acordo com um jornalista e político da época chamado Aristides Lobo. Ou seja, tal como na Independência brasileira, o povo não havia participado daquele evento político. Nossa República também não começou bem. O primeiro presidente da República, o próprio Marechal Deodoro, governou o país por pouco mais de 10 meses – de janeiro a novembro de 1891.

Hoje, a República deve ser entendida como a possibilidade de participação popular dos cidadãos. É em função de sua existência que podemos votar naqueles que terão o encargo de decidir o futuro da nação. Desde os vereadores que compõem as Câmaras Municipais até o Presidente da República, cabe a nós, cidadãos, a escolha desses líderes. E devemos escolhê-los bem para que não nos arrependamos depois.

*Ricardo Barros é Mestre em Educação, graduado em História e Pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de História do Colégio Paulista (COPI).

É inconcebível o poder público cobrar para garantir segurança


Além disso, fere o princípio constitucional de isonomia, privilegiando só os que pagam mais


Beth Munhoz (Entrelinhas Comunicação)

Os acordos que estão sendo feitos em seis Estados para que condomínios residenciais instalem sistema de comunicação de rádio para ter contato direto com a polícia, operação que custa R$ 150,00 por mês, é completamente ilegal. A avaliação é do advogado Fernando Augusto Fernandes, mestre em Criminologia e Direito Penal.

“A polícia não tem competência constitucional para criar esse tipo de taxa. Só a legislação pode fazer isso”, afirma. Para ele, a polícia e o Estado devem esclarecer a cobrança de mais este imposto: “É quase a oficialização de um suborno”, diz.

A legislação não permite ao Estado e à própria polícia criar um sistema de cobrança para garantir a segurança pública. Apenas admite a criação de canais complementares para a mesma finalidade, sem qualquer ônus financeiro ao cidadão. “Quando há a cobrança, o poder público está ferindo o princípio da isonomia, dando atendimento privilegiado aos que pagam”, esclarece Fernando Fernandes. “Dessa forma, está assumindo práticas semelhantes às das milícias, vendendo segurança ao mercado privado, em vez de investir na estruturação desse serviço público. E cobrando que quem já paga em forma de impostos.”

Os Ministérios Públicos dos seis Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco) têm legitimidade para entrar com uma ação civil pública e tentar, assim, impedir essa cobrança. “Mas qualquer cidadão também pode entrar com uma ação popular”, avisa o criminalista, que compara essa situação à questão de privatização das prisões. Segundo ele, a Ordem dos Advogados do Brasil federal já alertou para o risco dessa medida repetir o mesmo erro cometido pelos Estados Unidos, onde as prisões têm ações negociadas na Nasdaq, a bolsa americana.

Sunday, November 01, 2009

POR QUE SOBRAM VAGAS E FALTAM CANDIDATOS QUALIFICADOS EM TI?


Celso Poderoso*

Não é de hoje que se fala que o mercado brasileiro de TI está carente de bons profissionais. Pessoas com formação acadêmica, contudo, não conseguem boas colocações e muitas até desistem da área. O que está errado?

Uma pesquisa recente (10/10/2009) divulgada pela Você S/A e realizada pela H2R, mostra que a falta de habilidade técnica é o principal problema para que o candidato consiga um emprego, especialmente na área de TI. Segundo a pesquisa, 57% das empresas qualificam a habilidade técnica como a mais importante característica desejável do candidato. Em segundo lugar está a formação acadêmica (23%), seguida pela disputa de talentos (19%), idiomas (12%) e habilidades comportamentais (11%).

Inicialmente, temos que considerar que o mercado brasileiro de TI tem crescido nos últimos anos a taxas superiores às da economia. Como há escassez de profissionais qualificados, cada vez fica mais difícil contratar os especialistas. E as empresas vão aumentando a quantidade de vagas abertas, sem profissionais qualificados para preenchê-las.

Por qual motivo isso acontece? A carreira de TI nem sempre é a primeira escolha dos estudantes universitários. Muitos confundem o profissional de TI com os “nerds” que não possuem vida social e só pensam e vivem em função dos computadores. Isso é um grande engano. Claro que há áreas e setores em que os “nerds” são necessários, mas isso acontece muito mais no exterior do que no Brasil. Aqui as empresas precisam de profissionais que saibam analisar sistemas, programar, gerenciar redes de computadores e banco de dados. Precisam de profissionais que entendam de negócio e saibam aplicar o conhecimento técnico na solução de problemas. Poucas empresas se dedicam a “criar” novas tecnologias – ambiente natural onde o “nerd” se desenvolve.

Muitas das melhores universidades brasileiras na área de TI, porém, se dedicam a formar “nerds”. E muitos dos que se aventuram na área pensam que somente estes cursos darão a formação necessária para se entrar no mercado de trabalho.

Miopia de ambos os lados. Cursos mais rápidos, mais diretos e com foco no mercado de trabalho existem. São os cursos superiores de tecnologia, que propõem formar um profissional preparado para atuar em segmentos específicos na área de TI. E, por serem especializados, terão a habilidade necessária e requisitada pelas 57% das empresas pesquisadas. A mesma reportagem da Você S/A indica a necessidade de “Engenheiros Tecnólogos”, ou seja, profissionais que ponham a mão na massa. Afinal, não adianta ter muitos caciques e quase nenhum índio... Ao optar por um curso de Engenharia, o aluno faz um curso mais longo, demora para entrar no mercado de trabalho e, depois que entra (se entrar), terá que se especializar para dar resultado à empresa.

Enquanto as universidades não formarem profissionais para as vagas em aberto no Brasil, este panorama continuará igual. Enquanto as empresas, por sua vez, não perderem o preconceito de contratar tecnólogos, continuarão recebendo alunos com habilidade aquém da necessária para cumprir seus contratos e os inúmeros postos de trabalho continuarão em aberto.

* Celso Poderoso é mestre em Tecnologia, especialista em Sistemas de Informação e economista. É diretor de relações internacionais e coordenador dos cursos de graduação tecnológica da FIAP. Atua desde 1984 na área de TI, especialmente em desenvolvimento de sistemas e banco de dados Oracle. Possui cinco livros publicados na área de banco de dados, como SQL Curso Prático e Oracle PL/SQL 10g. Todos editados pela Novatec Editora.

Resistindo ao Desânimo - parte II


Rick Warren*

No mês passado escrevi sobre um tema que, em um ou outro momento afeta a todos nós: o desânimo. Eu gostaria de abordar esse tema de novo, por um ângulo ligeiramente diferente.

Muitas são as coisas no trabalho que nos desanimam e impedem que completemos nossa missão de vida. Ao longo de anos, freqüentemente fico imaginando se nosso pior inimigo é a procrastinação ou o desânimo. Se satanás não puder fazer que adiemos a busca pelo cumprimento de nossa missão, ele tentará nos levar a abandoná-la de uma vez por todas.

Na Bíblia, o apóstolo Paulo oferece as seguintes palavras de conselho quando nos confrontamos com o desânimo: “E não nos cansemos de fazer o que é correto, porque em pouco tempo teremos uma colheita de benção, se não desanimarmos nem desistirmos” (Gálatas 6.9 - Bíblia Viva).

Você já se sentiu cansado de fazer o que é certo? Todos já passamos por isso. Ás vezes parece mais fácil fazer o errado do que o certo. Quando ficamos desanimados nos tornamos ineficientes e geralmente lutando contra nossa própria fé. Quando estou desanimado, me pego dizendo: “Isto não pode ser feito”. É exatamente o oposto de: “Eu sei que Deus pode fazer isto, porque Ele disse...”.

Faça a si mesmo estas perguntas:

• Como lido com o fracasso?
• Quando as coisas não acontecem como quero fico amuado ou irritado?
• Quando as coisas não acontecem como quero fico frustrado ou murmurando?
• Eu sempre termino o que começo?
• Como avalio o grau da minha persistência ou perseverança?

Deixe-me oferecer-lhe um conselho: se você está se sentindo desanimado, não desista sem lutar. Nada que valha a pena acontece sem perseverança e energia. Quando um artista começa a criar uma escultura, ele precisa tirar uma lasca de cada vez. Ele não bate no cinzel com o martelo apenas uma vez e, de repente, observa todos os excessos caírem para revelar a beleza da obra de arte. Ele precisa bater na pedra vez após outra, tirando as partes que não se encaixam em sua idéia para a escultura.

Isto também se aplica à vida. Nada que realmente valha a pena é fácil. Você precisa abrir caminho para alcançar seu objetivo e persegui-lo pouco a pouco, até que sua vida se transforme na obra-prima da graça de Deus. Efésios 2.10 nos assegura: “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”

Pessoas notáveis são apenas pessoas comuns com extraordinária determinação. Elas simplesmente não sabem o que é desistir e se recusam ceder ao desânimo.

* Rick Warren, escritor e conferencista, autor do best-seller "The Purpose-Drive Life" (Uma Vida Com Propósitos), traduzido em várias línguas através do mundo. Usado com a devida permissão. Tradução de Mércia Padovani. Revisão e adaptação de J. Sergio Fortes (fortes@cbmc.org.com).

Saturday, October 24, 2009

Circunferências do pescoço e da cintura pode alertar população para problema de hipertensão


Artigo publicado no Journal of Human Hypertension defende a colocação de etiquetas em calças e camisas como medida preventiva

Sociedade Brasileira de Hipertensão

Muito já se ouviu falar no meio médico sobre a relação entre obesidade – a medida da cintura –, e determinadas condições de pressão, glicose e triglicérides, como fatores de risco para problemas como síndrome metabólica e apnéia obstrutiva do sono (OSA).

Dois médicos brasileiros, Dr. Décio Mion e Dra. Kátia Ortega, tiveram publicado um artigo no Journal of Human Hypertension, em que sugerem à comunidade médica internacional uma estratégia simples para alertar as pessoas quanto ao diagnóstico precoce.

O termo síndrome metabólica tem sido aplicado à agregação de fatores de risco que muitas vezes acompanham a obesidade e estão associados com risco de aumentar as doenças cardiovasculares e diabetes tipo II. A síndrome de apnéia obstrutiva do sono aumenta o risco de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Outros fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão, diabetes mellitus, hiperlipidêmica e obesidade, freqüentemente acompanham OSA e são particularmente proeminentes entre os pacientes que têm colarinho de tamanho superior a 44,5 cm.

Assim, os autores acreditam que a OSA é uma manifestação da síndrome metabólica, porque há uma forte associação de OSA com obesidade, hipertensão e diabetes, os mesmos fatores associados à síndrome metabólica.

Em “Síndrome Metabólica e apnéia obstrutiva do sono: duas circunferências no mesmo indivíduo”, os médicos sugerem que a anexação de uma etiqueta informativa às calças com cintura superior a 94 cm – tamanho G, números 46 e 48 e GG, 50 e 52 -, para homens; e 80 cm - mais difícil falar em tamanhos porque os números são calculados pelo quadril e não pela cintura - para as mulheres, assim como em camisas cujos colarinhos sejam maiores do que 44,5 cm, ou seja, tamanho 5, para ambos os sexos.

“Esta é uma ideia simples, mas que pode ajudar às pessoas de todo o mundo a procurar o auxílio de um médico para cuidar da saúde. Muita gente não sabe que as medidas da cintura e do pescoço podem ajudar a diagnosticar facilmente uma série de problemas que, quanto mais cedo forem tratados, menos conseqüências trarão para sua saúde. Neste sentido, a parceria com indústrias de vestimentas pode trazer um grande ganho para a população”, ressalta o Dr. Décio Mion.

Monday, October 19, 2009

O estresse pode se revelar na voz


Ronaldo dos Reis Américo*

As doenças ligadas à rouquidão nem sempre têm causas físicas. Situações de estresse podem provocar aumento da tensão muscular ou mesmo fadiga da musculatura das pregas vocais. De acordo com Ronaldo dos Reis Américo, otorrinolaringologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, o sistema límbico, que controla o emocional, pode interferir na regulação dos sistemas motores. Desta forma, o emocional pode provocar disfunção motora das pregas vocais gerando rouquidão e até afonia. “No geral, esta relação não é percebida. Um exemplo é o caso de pessoas que, quando irritadas, perdem a voz”, diz.


Para definir se a rouquidão tem relação com estresse é fundamental que seja realizado um exame otorrinolaringológico completo buscando possíveis desordens orgânicas que promovam a disfonia. Esta avaliação pode ser complementada com o exame de Laringoscopia, que é de grande valia para a observação do aspecto visual da mucosa, movimentação e características vibratórias das pregas vocais. “Durante todo esse processo é observado a possibilidade de sinais de estresse, ansiedade exacerbada, insatisfações, ou outras possíveis manifestações de alterações ou distúrbios que possam estar ocorrendo na esfera psíquica”, diz o médico.


O tratamento para a rouquidão causada pelo estresse deve ser dirigido para a causa, sendo assim, mudanças comportamentais que possam melhorar a qualidade de vida são importantes ferramentas, para que o indivíduo reencontre seu equilíbrio vocal. Hábitos de vida saudáveis e a prática de atividades físicas ajudam a controlar o nível de estresse e são recomendáveis. “Para que a voz se mantenha saudável, é importante cuidar da saúde geral do corpo, beber muito líquido, não gritar, não realizar esforço vocal enquanto apresentar infecções de via aérea superior como gripes e resfriados, evitar fumo, álcool, drogas e poluição”, diz.


Em alguns casos específicos, de maior dificuldade de tratamento pode ser necessário aliar outras formas de terapia, como atendimento fonoterapêutico, psicológico e por vezes tratamento medicamentoso.

*Ronaldo dos Reis Américo, otorrinolaringologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos

Sunday, October 18, 2009

Cidadania: direito se conquista com aumento da conscientização e participação


Luiz Goshima*

O Brasil vem conquistando progressivamente um lugar de destaque entre as principais nações do planeta. Atualmente, nosso país integra o seleto clube de países que definem os rumos econômicos – e da política – mundial, o chamado G20, e ocupa a décima classificação no ranking das maiores economias. É um grande progresso em relação às posições que ocupávamos anteriormente. Porém, esses dados são obscurecidos pela grande desigualdade social, que leva a problemas relacionados à educação, à saúde, à habitação inadequada, entre outros fatores que impedem o desenvolvimento humano pleno de todos os cidadãos.

Segundo dados do Human Development Report (HDR), da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2004, o Brasil apresenta historicamente uma desigualdade extrema, com índice de Gini – que mede a desigualdade em países - próximo a 0,6 (quanto mais próximo de 1, pior a situação do País). Este valor indica uma desigualdade brutal e rara no resto do mundo, já que poucos países apresentam índice de Gini superior a 0,5. Dos 127 países presentes no relatório, o Brasil apresenta o oitavo pior índice de desigualdade do mundo, superando todos os países da América do Sul e ficando à frente apenas de sete países africanos.

Parte desses problemas advêm da forma com que a população enxerga os mecanismos institucionais de representação democrática. Pesquisa recente do Datafolha mostrou que 19% dos eleitores já venderam seu voto, percentual extremamente elevado e que denota a dificuldade de passar à prática o conceito de cidadania.

Uma das causas que estão na origem desses problemas reside na ausência da cidadania plena entre os brasileiros, num círculo vicioso que se repete há décadas. Além da desigualdade na distribuição da renda, o Brasil ainda possui um número bastante grande analfabetos – ocupa a décima-quarta posição entre os 19 países da América Latina, e tem cerca de 14 milhões de pessoas acima de 15 anos analfabetas, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2007. Para educadores e pesquisadores da questão educacional na América Latina, ligados à Unesco e à Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (Clade), o Brasil é uma potência na economia, mas tem um grau de pobreza que é incompatível com essa qualidade.

De olho nessas questões e visando a aprofundar a discussão sobre a cidadania no Brasil, a Fundação Lia Maria Aguiar, sediada em Campos do Jordão/SP, e o Instituto Prometheus, de São Paulo, promoverão o Fórum Rumos da Cidadania – “A crise da representação e a perda do espaço público”, entre os dias 20 e 23 de outubro próximos, no Campos do Jordão Convention Center. Nesse evento, renomados especialistas, como Renato Lesssa, doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), na qual é também professor-titular de Teoria e Filosofia Política, além de professor-titular de teoria política da Universidade Federal Fluminense; Renato Janine Ribeiro, mestre em Filosofia pela Universidade de Paris I –Sorbonne e doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e Olgária Matos, doutora em Filosofia pela Universidade de Paris I-Sorbonne e professora-titular da USP e da Universidade Federal de São Paulo, além do belga e doutor em Filosofia pela Universidade Católica de Louvain, Bélgica, André Berten. Esses e outros renomados palestrantes e debatedores discutirão a cidadania sob a ótica da crise de representação, com foco no Congresso Nacional e a relação do poder Judiciário com os outros poderes do Estado. Os resultados desse fórum serão distribuídos, na forma de livro e vídeo, a bibliotecas de escolas públicas e privadas. Esta é uma das formas de elevar a consciência de cidadania de nossos jovens, portanto do Brasil do futuro.

* Luiz Goshima é gerente de Projetos da Fundação Lia Maria Aguiar (www.fundacaoliamariaaguiar.org)

O Mundo Contra o Confinamento Intensivo Animal


Depois da União Européia e de Alguns Estados dos EUA, Também o Governo de Michigan Aprova Legislação que Combate o Confinamento Intensivo de Animais

Após aprovação pelos Senadores e Deputados do estado de Michigan (EUA), foi assinada nesta segunda-feira (12) pela Governadora do estado norte-americano uma importante lei voltada para os animais de produção. A promulgação da lei é resultado de longas negociações entre grupos humanitários e a agroindústria do estado. A nova legislação exige que galinhas poedeiras, porcas reprodutoras e bezerros criados para vitela sejam aptos a levantar-se, deitar-se, dar “meia volta” e alongar os seus membros; hoje, o sistema convencional de confinamento desses animais não permite sequer tais movimentos.

O projeto de lei conhecido como HB 5127 (House Bill 5127) recebeu apoio tanto na Câmara quanto no Senado locais, sendo aprovado com folga em todas as votações. Na Câmara, obteve quase 80% dos votos; no Senado, foi aprovado por unanimidade. Organizações de proteção animal como The Humane Society of the United States aplaudiram legisladores, grupos de agricultores e grupos ambientalistas por apoiar a medida, que coloca Michigan na vanguarda do bem-estar dos animais de produção.

Com a lei, os produtores do estado têm o prazo de três anos para abandonar totalmente as gaiolas para vitelos (bezerros desmamados precocemente). As superlotadas gaiolas em bateria (para galinhas poedeiras) e celas de gestação (para porcas reprodutoras), que são sistemas ainda amplamente praticados no Brasil, ficarão banidas em Michigan no prazo de dez anos.

Michigan não é o primeiro estado dos EUA a aprovar uma lei deste tipo. A California (estado mais populoso dos EUA) aprovou legislação semelhante em novembro de 2008 (o chamado Prevention of Cruelty to Farm Animals Act) e outros cinco estados norte-americanos já contam com leis que também proíbem certas formas de confinamento intensivo de animais, tais como as celas de gestação. Além disso, os 27 países-membros da União Européia já estão em contagem regressiva para a proibição completa das gaiolas em bateria convencionais (a partir de 2012) e celas de gestação (a partir de 2013).

Como está o Brasil
No Brasil, a campanha Pelo Fim do Confinamento Intensivo Animal (parceria das ONGs Humane Society International e ARCA Brasil) tem objetivos semelhantes. “No Brasil ainda há milhões de galinhas e porcos que são submetidos aos rotineiros maus-tratos do confinamento em gaiolas em bateria e celas de gestação”, lembra o Gerente de Campanha Guilherme Carvalho, da Humane Society International (HSI). “A pesquisa científica mostra que estas formas de confinamento não podem proporcionar bem-estar animal sob nenhuma circunstância”, acrescenta.

O presidente da ARCA Brasil, Marco Ciampi, explica que esta tendência mundial não se restringe à legislação. “Além dos avanços legais, grandes redes de supermercados e lanchonetes no país estão passando a preferir fornecedores com normas de bem-estar animal”, diz. O setor da agroindústria está começando a adotar o recente selo de certificação Certified Humane, que não aceita as gaiolas: “O Grupo JD e a Korin Agropecuária acabam de ser certificados”, complementa Ciampi.

Segundo Carvalho, embora grande parte da população ainda desconheça o processo de criação por trás dos produtos que consome, pesquisas recentes indicam que a maioria dos brasileiros já se preocupa com o bem-estar animal. “Queremos que essa preocupação se torne uma atitude, por exemplo quando o consumidor vai ao supermercado comprar ovos”.

A campanha Pelo Fim do Confinamento Intensivo Animal foi lançada no início deste ano e seus representantes têm se reunido com produtores, políticos e empresas do varejo alimentar, propondo medidas que efetivamente melhorem a vida dos animais de produção. Executivos das maiores redes de supermercados têm se mostrado receptivos à idéia de adotar políticas de preferência por produtos “livres de gaiolas”. Por ocasião da recente Bio Brazil Fair 2009, a maior feira nacional de orgânicos, Guilherme Carvalho entregou em mãos o material da campanha ao Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Para saber mais sobre a campanha e sobre o confinamento intensivo, acesse:
www.confinamentoanimal.org.br ou hsi.org/brasilconfinamento.

Jornal BLEH!

Followers

Blog Archive