Caminhada até Aparecida finalizada com sucesso

Foram 178,7 quilômetros de fé e muita superação

Antes mesmo de colocar os pés no chão, ainda no hotel Ibis Budget Pindamonhangaba, o pensamento era claro: eu estava prestes a concluir a maior jornada religiosa do Brasil, um percurso de pelo menos 170 quilômetros, repleto de fé, emoções e momentos inesquecíveis. O último dia dessa caminhada tão significativa foi um desafio de 32,91 quilômetros, e a emoção de estar tão perto de Aparecida me acompanhava desde o amanhecer.

Eu e o Marcio nos desencontramos mais uma vez do Biro e do Deva, assim como no dia anterior. Cada um de nós formou duplas separadas, o que deu à caminhada uma dinâmica interessante. O ideal seria estar os quatro juntos, mas caminhar com alguém ao lado já torna o percurso mais leve, as conversas fluem e o tempo passa mais rápido, mesmo com a distância se estendendo à frente.

Logo cedo eu e o Marcio já tínhamos percorrido mais de dois quilômetros quando, ao chegarmos ao trevo de Pindamonhangaba na Dutra, nos deparamos com uma cena inesperada: uma verdadeira festa. Mesmo sendo tão cedo, 7h da manhã, o clima já era de celebração.

Havia churrasco, espetos e uma infinidade de opções para quem quisesse parar e se juntar ao evento. No entanto, optamos por algo mais tradicional, preferindo pão, café e leite para seguir de forma mais leve, guardando os excessos para outro momento.

Ao entrar na Rodovia Presidente Dutra, fomos abençoados com um clima incrivelmente agradável. O frescor da manhã era um presente, tornando a caminhada menos desgastante e permitindo que a paisagem ao nosso redor fosse aproveitada em toda sua beleza. A natureza, em sua simplicidade, parecia mais vibrante, como se cada passo fosse uma celebração do que estava por vir.

Algo essencial para finalizar a caminhada com sucesso é a existência dos pontos de apoio. Esses locais são verdadeiros oásis para quem está caminhando. A oportunidade de parar, descansar e recuperar as energias faz toda a diferença, principalmente quando a fadiga começa a bater com mais força.

Entre esses pontos de apoio, um aspecto que me chamou a atenção foram os profissionais especializados em cuidar dos pés dos romeiros. Ver o cuidado e a dedicação com que eles tratam cada peregrino é algo inspirador. Após essa experiência, meu respeito por esses profissionais aumentou imensamente. Eles não só aliviam as dores físicas, mas também renovam o ânimo de quem precisa completar a jornada.

No quinto dia, percebi que o número de pessoas caminhando era ainda maior do que nos dias anteriores. Imagino que seja porque muitos grupos que vêm de outras regiões, além da cidade de São Paulo, acabam se encontrando nesse trecho final. A energia coletiva e a troca de experiências entre os romeiros tornam a caminhada um ato de união e força.

A generosidade das pessoas ao longo do percurso também foi algo que me marcou profundamente. Durante toda a caminhada, recebemos diversos tipos de apoio: água gelada, sucos, refrigerantes, frutas como maçã, banana, melancia, melão, e até refeições completas, como arroz, feijão, macarrão, caldos e churrasco. As demonstrações de solidariedade faziam com que cada passo fosse acompanhado de gratidão.

Em meio a tudo isso, uma surpresa nostálgica me pegou de jeito. Em um dos pontos de apoio, havia uma distribuição de Yakult, e eu não pude deixar de sorrir. Aquela pequena garrafinha geladinha trouxe de volta à infância, e o sabor fez a alegria de todos que estavam passando por lá. Era como se uma simples lembrança tivesse o poder de tornar aquele momento ainda mais especial.

Mas o verdadeiro divisor de águas desse último dia foi o serviço oferecido por Ronaldo e Janaina, da Bio Fênix Fisioterapia. Eles estavam na Dutra, oferecendo massagens e quiropraxia aos peregrinos. Quando eu e o Marcio paramos para ser atendidos, foi como se uma carga nova de energia tivesse sido injetada em nós. A disposição retornou com força total, e pudemos seguir renovados, prontos para os quilômetros restantes.

O trabalho dessa dupla é incrível, e eles fazem questão de atender com carinho e dedicação. Para quem quiser conhecer mais sobre o trabalho deles, recomendo visitar a página deles no Instagram, @biofenixfisioterapia. Eles merecem todo o reconhecimento por ajudarem tantos peregrinos.

A ansiedade foi crescendo à medida que nos aproximávamos de Aparecida. Cruzar a Dutra e ver a placa que indica a divisão entre Roseira e Aparecida foi um sinal claro de que o grande momento estava prestes a acontecer. Era como se o coração batesse mais forte a cada passo.

Quando finalmente avistamos a Basílica, a emoção transbordou. Não há como descrever a sensação de ver aquela imponente construção pela primeira vez após dias de caminhada. As lágrimas vieram inevitavelmente. Era a concretização de um sonho, o final de uma jornada que parecia tão distante no início, mas que agora estava ao nosso alcance.

Ao todo, percorremos 178,7 quilômetros, e, quando eu e o Marcio chegamos à Basílica, a alegria foi imensa. Agradeci por cada passo, por cada momento de dificuldade e por todas as bênçãos recebidas ao longo do caminho. A sensação de dever cumprido e de estar em paz comigo mesmo foi indescritível.

Este foi meu segundo ano fazendo essa caminhada, e o significado dela se intensificou. No ano passado, paguei uma promessa feita quando meu filho Mateus estava tentando entrar em uma faculdade pública. Ele conseguiu, e hoje está no quarto semestre do curso de Engenharia Agrícola na Unicamp. Inclusive, depois de uma prova, ele saiu de Campinas e veio me buscar em Aparecida. Sou extremamente grato por tudo isso.

A volta foi um merecido descanso. Estávamos todos exaustos, e o conforto de retornar em um Jeep Commander Overland TD380 foi exatamente o que precisávamos. O conforto proporcionado pelo carro fez com que o corpo relaxasse, e pudemos voltar com tranquilidade para São Paulo.

Agora, com o corpo e a alma renovados, é hora de descansar e começar a pensar na caminhada de 2025. Quem sabe no próximo ano teremos ainda mais pessoas ao nosso lado, compartilhando essa experiência transformadora com os amigos Biro, Marcio e Deva. A jornada pode ter terminado, mas as memórias e os aprendizados vão ficar para sempre.